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A  NOSSA  CAMINHADA

 

Criada por escritura pública em 18 de Dezembro de 1981, no 2º. Cartório da Secretaria Notarial do Funchal, inscrita como Instituição Particular de Solidariedade Social e, como tal, Instituição de Utilidade Pública, filiada na EUROCARE.

Esta Associação, salvo os seus colaboradores técnicos e o grande colaborador que é o irmão Feliciano, é composta por alcoólicos reabilitados ou em reabilitação e ainda alguns dos seus familiares não alcoólicos.

O nosso humilde trabalho, em prol do bem-estar da sociedade, baseia-se no dar testemunho das alterações operadas nas nossas vidas, na grande diferença que é deixar de ser um mero farrapo humano desgraçado, para voltar a encontrar-se e encontrar o seu lugar com dignidade na sociedade, com direito a ser feliz.

Fazendo prevenção dos perigos provenientes da má utilização das bebidas alcoólicas junto da sociedade em geral (em cursos de formação profissional, em cursos de noivos, nas escolas e movimentos de jovens), tentamos sensibilizar as pessoas, de forma a ficarem melhor informadas, contrariando as teorias de que o álcool dá personalidade, calor, alimenta, mata a sede, etc.

O alcoolismo é uma das maiores pragas da humanidade, fruto da sociedade em que estamos inseridos, onde a oferta é maior do que a procura, considerando que:

- Na juventude se bebe para se ser maior ou adulto,

- Em quase todos os convívios as bebidas alcoólicas estão presentes,

- Se recebemos visitas em nossas casas é da praxe oferecer bebidas,

- Se planeamos sair ou marcar encontro com colegas ou amigos é quase o mesmo que dizer «vamos tomar uns copos»,

- Grande parte dos acordos quer comerciais, desportivos ou outros são feitos nos bares,

- Todas as datas e acontecimentos,   festivos  ou  não,  são  pretexto  para  o  consumo excessivo de  bebidas, como exemplo: Natal, Páscoa, Carnaval, Casamento, Nascimento de um filho, Baptizado, 1ª. Comunhão, Crisma, Funeral, o nosso clube ganhou, perdeu ou empatou, etc.

No percurso de quase vinte anos de existência, temos procurado, dentro das nossas parcas possibilidades, com simplicidade e humildade, seguir o exemplo de S. João de Deus, indo ao encontro daqueles que caíram na teia do alcoolismo, por não saberem usar as bebidas alcoólicas.

Tem sido e continua a ser difícil, fazer com que a sociedade e o próprio indivíduo em particular, considere o alcoolismo uma doença. Isto leva a que o dependente das bebidas alcoólicas e, muitas vezes, a sua própria família não o aceite como alcoólico ou doente.

Conscientes, por experiência própria, de que a reabilitação só é possível se reconhecermos a nossa doença e formos estimulados a dar razão de ser à vida. Procuramos transmitir essa vontade de mudar de estilo de vida àqueles que abordamos ou nos procuram, de forma a que estes se disponham a serem encaminhados a uma consulta médica às nossas expensas e posterior internamento no Centro de Recuperação Alcoólica S. Ricardo Pampuri, onde fazem a sua desintoxicação. Além das necessidades medicamentosas, é-lhes transmitida pelos técnicos de saúde uma outra forma de vida, em especial pelo Irmão Feliciano que, com a sua caridade humana, representa para nós o rosto do Centro de Recuperação. Esta nova forma de vida é ainda transmitida nas sessões dos Domingos, que contam com a colaboração do presidente desta Associação.

De 1981 a 1999, esta Associação encaminhou para o médico e foram  internadas no Centro de Recuperação 2.546 pessoas, o que corresponde a cerca de um em cada cem dos habitantes da nossa região, numa média de 12 por mês ou 3 por semana. O último ano foi aquele em que atingimos o maior número de pessoas, 147; no mês de Fevereiro do ano em curso foram 23 as pessoas internadas, ou seja, mais do que o número de dias úteis do mesmo mês.

Dos números indicados, de acordo com os dados do  Centro de Recuperação (e que foram confirmados pela Associação), foram cerca de 65% os reabilitados, aos quais há que adicionar em média 10 indivíduos por ano, que são os que nos contactam e se reabilitaram sem necessidade de internamento.

Estes resultados colocam a Associação entre os pioneiros no combate ao alcoolismo e nos animam a continuar; mas também demonstram o muito que há por fazer, se tivermos em conta os estudos que apontam para cerca de um quinto os Portugueses atingidos por esta praga.

Estes resultados na nossa Região só têm sido possíveis pelo trabalho em conjunto e de interligação entre esta Associação e o Centro de Recuperação S. Ricardo Pampuri, estando cientes de que qualquer uma destas organizações sem a outra nunca teria  alcançado tais resultados.

Mais ainda, e por experiência própria, sabemos que depois do internamento, se não houver entreajuda e ligação entre os  reabilitados ou em reabilitação e suas famílias, é quase impossível manter-se abstémio. Por isso, promovemos um encontro todas as primeiras quartas-feiras de cada mês no Centro de Recuperação, onde comparecem mais de uma centena de pessoas, que têm assim a oportunidade de expor alguns dos seus problemas e também dar testemunhos das suas vivências, transmitindo calor humano aos outros.

Na sede da nossa Associação,  realizamos todos os Domingos reuniões de entreajuda entre alcoólicos e seus familiares.

Como também nos deslocamos todos os meses no primeiro Domingo ao Faial, no segundo ao Lugar da Serra em Campanário, no terceiro ao Estreito de Câmara de Lobos e no quarto a Santana. Promovendo sessões de sensibilização, esclarecimento e confraternização com os habitantes locais, onde são presentes famílias incluindo jovens e crianças, tentamos aconselhar e transmitir vontade de lutar por uma vida melhor e mais digna e ajudar com os indispensáveis bens materiais que possamos angariar.

Além destas sessões calendarizadas, somos frequentemente convidados pelas mais diversas organizações sociais, escolas, movimentos paroquiais, empresas, etc. para sessões de sensibilização e esclarecimento, para as quais apresentamos de imediato toda a nossa disponibilidade.

Após termos frequentado o “Curse of sensibilisation on the social ecological approach to alcohol  related and mixed problems (Hundolin’s method)“, decorrido nos dias 24 a 29 de Maio de 1999, em Itália, verificamos que o nosso método de trabalho é muito equiparado, pois as reuniões  calendarizadas nos locais acima mencionados (sede da Associação, Faial, Lugar da Serra Campanário, Estreito de Câmara de Lobos e Santana), são frequentadas por alcoólicos reabilitados ou em reabilitação e suas famílias, formando assim diversos grupos de famílias ou clubes, onde todos têm oportunidade de dar testemunho  das alterações operadas nas suas vidas, pôr em comum os seus problemas  e as dificuldades em ultrapassar os  seus obstáculos. Nesses grupos tem vindo a surgir alguns voluntários, dispostos a trabalhar em prol da união do grupo a que pertencem e em fazer com que este cresça, dando-nos assim a oportunidade a que estes se organizem. Mas atendendo à pequena dimensão da nossa ilha e as tão diversificadas características da sua população, de localidade para localidade, é muito difícil aplicar na íntegra o “Hundolin´s method”, pois os grupos até agora criados não possuem características nem  condições de serem divididos. Será antes preferível juntar outras famílias e formar outros grupos em outras localidades, de forma que possamos cobrir toda a ilha.   

Para todo este trabalho temos tido os mais diversos tipos de apoio de organismos públicos e privados, em especial os governamentais dos quais destacamos a colaboração indispensável do Excelentíssimo Senhor Secretário Regional dos Assuntos Sociais e Parlamentares e a colaboração directa dos mais diversos Centros de Saúde.

Também temos tido o incontestável apoio de muitos técnicos de saúde, aos quais temos feito o apelo para que tratem os alcoólicos com simplicidade e caridade, vendo neles uma pessoa doente, debilitada nas suas capacidades e carente de estímulo.

Todo este trabalho continuado ao longo destes anos por esta Associação  é, incontestavelmente, devido ao Senhor Jaime Vasconcelos, mui digno Presidente da mesma. Tem vindo durante os seus vinte anos de abstinência, com simplicidade e caridade humana, a dedicar-se totalmente a esta causa em prol do bem-estar comum, como podemos comprovar por tantas manifestações de gratidão a que temos  assistido.

Bem hajam todos aqueles que, de uma forma ou de outra, lutam pelo bem-estar da sociedade em geral e pela sua comunidade em particular.

Pedro Pimenta

A Vida não é uma Droga.          Viva e Deixe Viver.          Mais 24 Horas de Sobriedade.          É no Ajudar que Somos Ajudados.