Nesta secção, pode ler notícias sobre a temática do Alcoolismo. Boa
leitura!
Notícias do Jornal da Madeira - 2003
Isabel Fragoeiro defende que qualquer decisão tem
de ser bem ponderada - “Salas de chuto” são
solução extrema
Crimes rodoviários originam
36 detenções
Doenças do coração e cerebrovasculares e o cancro
são as principais preocupações - Saúde com
novo plano de acção
Secretária Regional dos Assuntos Sociais Conceição
Estudante - Uma questão de vontade
Novo Código da
Estrada
No âmbito do Serviço Regional de Saúde - Núcleo contra o alcoolismo
Psiquiatra madeirense Luís Filipe - Novas medidas no combate ao alcoolismo
MÃO AMIGA foi alertar alunos nocturnos da Gonçalves
Zarco - “Jovens precisam de coragem para
dizer não ao álcool”
Tema de Reflexão - Direitos
dos Doentes
Igual a toda a Região -
Alcoolismo não é exclusivo da Calheta
Há lei que restringe venda -
Acesso a bebidas alcoólicas facilitado aos jovens
Para os
malefícios do álcool - "Mão Amiga" alerta jovens
Da Escola Secundária do 3.º Ciclo do Funchal -
Mão Amiga sensibiliza alunos para os perigos
do álcool
Saúde - Alcoolismo
Dia Litúrgico - S.
Berardo
UDP prepara Programa de Luta Contra a Pobreza e
Exclusão Social - Comissão de Protecção de
Crianças tem 500 processos por resolver
Casa S. João de Deus -
Alcoolismo aumenta entre as mulheres
“Mão Amiga” recebeu alunos da Sagrada Família -
Jovens bebem cada vez mais cedo
Carta a um
irmão drogado
Notícias do Diário
de Notícias da Madeira - 2003
Camacha contra
álcool e tabaco
Investigação na Saúde demasiado específica
Novos modelos de
ensino não evitam indisciplina
Escola do
Covão combate o alcoolismo
Notícias do Jornal da Madeira - 2003
Isabel Fragoeiro defende que qualquer decisão
tem de ser bem ponderada - “Salas de
chuto” são solução extrema (JM,
2003-11-23)
A directora do Serviço Regional de
Prevenção da Toxicodependência não concorda com a criação de “salas de chuto”.
Na sua opinião, essa é uma solução extrema. Isabel Fragoeiro põe a tónica,
antes, na prevenção e acredita que, com o crescente envolvimento de todos, o
consumo de droga vai diminuir.
JORNAL
DA MADEIRA — Ao longo desta semana que se inicia, irá decorrer a semana regional
da toxicodependência, que objectivos se pretendem com esta iniciativa?
Isabel Fragoeiro — Esta semana está virada, sobretudo, para a prevenção da
toxicodependência e visa, em particular, sensibilizar a comunidade madeirense em
geral para esta problemática. No fundo, pretende-se que cada cidadão, em
particular, perceba que pode ser uma peça fundamental a dar um contributo para
esta prevenção. A luta contra a droga só pode ser, cada vez mais efectiva,
quando tivermos, para além dos serviços com responsabilidades nesta área, mais
cidadãos empenhados também nesta luta contra a droga.
JM — Esta campanha é dirigida a alguma faixa etária em particular?
IF — Nós também estamos a procurar, nesta semana, enfatizar alguns aspectos
relativos à prevenção primária, ou seja, estamos a falar ainda de uma população
que não começou a consumir. Nesse sentido, focalizamos também muitas das
intervenções nas próprias crianças e nos jovens. No entanto, é sabido que os
jovens, ou as crianças, precisam da ajuda dos adultos, de pessoas de outras
idades para poderem, de facto, encontrarem as condições afectivas, emocionais e
não só, para se poderem desenvolver de uma forma mais saudável. Por isso, nós
focalizamos muitas das acções nestes grupos etários, mas sempre com a
colaboração dos professores, dos pais.
JM — Esta semana da toxicodependência incide, essencialmente, sobre a droga, ou
abrange outras toxicodependências, como o álcool ou o tabaco?
IF — Nós, ao desenvolvermos as acções, começámos por desencadear, por todas as
escolas da Região, do Básico ao Secundário, mas também dos ATLs e dos centros
paroquiais, um concurso cujo mote foi: “Pela Vid@semdrogas”. Este concurso
apelava a que, nas escolas, ou nesses locais onde as crianças e os jovens estão,
houvesse alguma reflexão sobre o tema da droga e essa reflexão, no fundo, não se
limitava, apenas, às drogas ilícitas. Aliás, os trabalhos que nos foram
apresentados, e que vão estar expostos, a partir de amanhã no Museu de
Electricidade, versam também sobre o álcool, sobre o tabaco.
JM — É, portanto, uma semana de prevenção da toxicodependência abrangente...
IF — Muitas vezes, as questões que se prendem com a droga surgem associadas.
Quando fazemos prevenção, acabamos por focalizar outros tipos de droga. Porque,
muitas vezes, surgem perguntas sobre o álcool, ou o tabaco.
JM — Há quem defenda que, muitas vezes, o consumo de droga surge quase que na
sequência de outras dependências, como o tabaco ou o álcool...
IF — Muitas vezes, as pessoas que consomem drogas ilícitas já consumiram,
previamente, outras drogas, nomeadamente álcool, ou tabaco.
JM — Algumas vezes há uma tentativa de fazer passar algumas drogas ilícitas como
menos prejudiciais...
IF — Exactamente. Por exemplo, no caso do haxixe, às vezes, surge a ideia de que
não é prejudicial. Esta ideia está subjacente, muitas vezes, nos jovens e
algumas pessoas. Mas essa é uma ideia completamente errada. É óbvio que poderá
haver excepções, mas a grande maior parte dos consumidores de drogas que as
pessoas, normalmente, identificam como drogas pesadas (heroína, cocaína), foram
pessoas que começaram pelas drogas que as pessoas, habitualmente, classificam
como drogas leves (haxixe, liamba). O facto de serem classificadas como drogas
leves parece que minimiza o efeito negativo que elas causam. Parece que estamos,
de algum modo, a dizer que essas substâncias não fazem mal. Mas isso é errado.
Porque nós sabemos, com base num conhecimento técnico, e é essa a mensagem que
temos de procurar passar para a população, que são essas ditas drogas leves a
porta de entrada para consumos, posteriores, de outras substâncias muito mais
gravosas, muito mais prejudiciais.
Iniciação na adolescência
JM — A partir de que idades é que se começam a evidenciar as experiências com a
droga?
IF — Muitas vezes, é na adolescência, atendendo um pouco ao estádio de
desenvolvimento e a um conjunto de mudanças que ocorrem, muitas vezes, nessa
fase, bem como o contacto com outros jovens. É nessa fase que, muitas vezes,
ocorre esse tipo de experiências. No entanto, é preciso ter em conta que nós
encontramos crianças, mais novas, que de algum modo, de uma forma indirecta,
contactam mais cedo com a realidade do consumo de determinadas substâncias. Por
exemplo, um agregado familiar onde exista alguém que bebe, que fuma, ou que é
consumidor de outro tipo de substâncias, a criança, que está ali naquele
ambiente familiar, acaba por se confrontar com um ambiente e uma problemática
que advém do facto de, naquela casa, haver algum consumidor. De qualquer forma,
o que nós sabemos é que, de uma forma geral, é na adolescência que se registam
as primeiras experiências de iniciação aos consumos de drogas.
JM — Relativamente àqueles que já estão dependentes, costumam procurar ajuda dos
serviços?
IF — Há sempre uma franja dessa população que, dificilmente, procura os
serviços. Mas essa é uma realidade que, infelizmente, é nacional e até
internacional. Muitas vezes, é numa situação em que a pessoa que consome está
muito mais debilitada, ou já tem alguns problemas reais de saúde, ou então já
teve alguma complicação, até às vezes de foro criminal. Muitas vezes, são nessas
circunstâncias que procuram ajuda nos serviços de saúde. Estas são as situações
mais habituais, não quer dizer que as pessoas não vão, mesmo em fases mais
iniciais, levadas por um professor, ou um familiar. Mas, na verdade, temos
consciência de que há uma franja desta população consumidora que não procura os
serviços.
JM — Isso não terá que ver com o facto de serem consumidores de substâncias
ilícitas, de algo que eles têm consciência de que poderão ser punidos?
IF — Efectivamente, com algumas dessas pessoas, poderá haver a consciência de
que o facto de estarem a consumir, do ponto de vista social, não é bem visto.
Poderão, eventualmente, sentirem-se envergonhadas ou culpabilizadas. Mas, não
nos podemos esquecer que estamos a tratar de uma situação que, no fundo, é de
doença, que advém de uma dependência, quer física, quer psicológica. E,
portanto, não é com facilidade que as pessoas, depois, sozinhas, podem deixar
esse tipo de consumo. E é claro que, do ponto de vista social, persiste alguma
atitude de marginalização relativamente aos consumidores de drogas. E penso até
que seria importante, trabalharmos um bocadinho, fazendo com que as pessoas
fiquem esclarecidas de que as situações de toxicodependência são situações
reais, de dificuldade, para as pessoas que são toxicodependentes.
JM — O facto de ser legal, ou não, o consumo de determinadas substâncias não
interfere nessa tentativa de recuperação?
IF — Nós podemos sempre actuar ao nível da prevenção, em duas vertentes. Uma, é
a redução da oferta, ou seja, há droga que circula de uma forma ilícita e,
portanto, nessa área, terá que haver actuação por parte das forças de segurança,
das forças policiais. O mesmo se aplica em relação às drogas consideradas
lícitas, como o tabaco ou o álcool. Pois, é necessário que cumpram com a
legislação existente. A segunda vertente, que é aquela em que os nossos serviços
apostam, que é na redução da procura. No fundo, o que pretendemos é fazer um
trabalho com os jovens, com as famílias, com as escolas, com a própria
sociedade, para que os jovens não sintam a necessidade de irem à procura das
substâncias e que encontrem alternativas para serem felizes sem o recurso a
essas substâncias. E, por outro lado, muni-los de competências sociais e
pessoais para que, quando eles forem confrontados com a oferta das substâncias,
sejam capazes de dizer “Não”. É óbvio que se essas substâncias existirem
livremente, se não houver, efectivamente, algum controle, alguma limitação à
presença dessas substâncias, penso que isso pode vir a dificultar, ainda mais,
essa situação.
Legalização é prejudicial
JM — Não é, portanto, pelo facto de ser legalizado, ou não, que deixa de haver
consumo, da mesma forma que acontece em relação a outras substâncias, como o
álcool...
IF — Eu advogo que nós temos de ter consciência e temos que, de algum modo,
passar a mensagem de que as drogas são substâncias que prejudicam a saúde e o
desenvolvimento, não só do jovem, mas também da própria família e da comunidade.
Face a isto, julgo que estas substâncias não podem estar, livremente,
disponíveis no mercado. Penso que tem de haver, efectivamente, alguma restrição
ao acesso a estas substâncias. Porque, de algum modo, essa disponibilidade de
substâncias no mercado pode ser, de alguma forma, favorecedora de um consumo que
é prejudicial.
JM — Outra questão que suscita alguma polémica são as consideradas “salas de
chuto”, ou seja, dar condições para que as pessoas que consomem droga façam-no
em segurança. Qual a sua opinião?
IF — Antes de mais, e tal como já referi, nós temos enfatizado a prevenção
primária. Face às situações de consumo, acho que devemos disponibilizar os meios
para que, rapidamente, as pessoas possam tratar-se, obter a ajuda que precisam.
O que acontece é que, algumas vezes, quando procuram ajuda, já é relativamente
tarde, só ao fim de três, quatro ou cinco anos de dependência é que procuram
ajuda. Se nós conseguissemos detectar, mais precocemente as situações de
consumo, e tendo obrigação de ter meios, recursos para, de algum modo,
proporcionar a esses jovens a ajuda necessária — e na Região temos uma consulta
no Centro de Saúde do Bom Jesus, bem como as consultas, no Hospital, de
pedopsiquiatria — para podermos dar resposta a essas situações. Agora, nós
sabemos que haverá alguns que irão continuar a consumir. E vão chegar,
provavelmente, a estádios mais preocupantes, porque também serão mais difíceis
de recuperar. E, portanto, nessa situação, e aceitando que existem pessoas
nessas circunstâncias, nós teremos que ter alguns recursos disponíveis para que,
do ponto de vista físico, e de um ponto de vista social, não haja mais
complicações. Neste momento, na Região, há o projecto denominado “Manus”, uma
equipa de rua, que actua no terreno, ao nível daquilo que nós chamamos a redução
de riscos e de danos, faz troca de “kits” e também têm lá nessa equipa, que vai
a vários concelhos da Região, pessoal técnico habilitado, que foi preparado para
isso, no sentido de sensibilizar essas pessoas para o tratamento.
JM — E relativamente às “salas de chuto”...
IF — As chamadas “salas de chuto”, que foram adoptadas em alguns países da
Europa, cujo objectivo é também o de permitir que aqueles toxicodependentes que,
no fundo, não têm talvez tantas possibilidades de recuperar, encontrem aí um
ambiente que, do ponto de vista da higiene e de um ponto de vista de segurança,
lhes permita o consumo. Mas, a solução das “salas de chuto” é uma questão
polémica. Mesmo nos países onde elas foram implementadas, houve algum debate
prévio junto da população, para que essa questão ficasse mais ou menos aclarada.
Nós, às vezes, temos alguma ambiguidade relativamente a esse tipo de solução,
porque pensamos que, de algum modo, poderemos estar a favorecer e a manter uma
situação que é penalizadora para a saúde. Penso que esse é um assunto que
deveria ser devidamente pensado, de forma prévia, antes de se decidir por essa
via. Não nos podemos esquecer que nem todos os países adoptaram essa solução.
Penso que essa será, no fundo, uma solução extrema. Terá de ser sempre uma
decisão muito bem pensada.
Marsílio Aguiar, In Jornal da Madeira, 2003-11-23
Crimes rodoviários originam
36 detenções (JM, 2003-11-23)
A PSP deteve durante a passada semana um
total de 36 condutores em situação de responsabilidade criminal, 30 dos quais a
conduzir com álcool e os restantes (6) sem habilitação. De referir que 11 destas
detenções referem-se à habitual “operação de stop” efectuada todas as
sextas-feiras à noite, em resultado da qual oito condutores acusaram taxas de
álcool elevadas e 3 sem habilitação. Recorde-se que um destes condutores acusou
a taxa de 3,51, uma detenção que ocorreu após uma colisão na área do Funchal.
Em Santa Cruz a Polícia deste concelho efectuou uma detenção por condução com
álcool e, na Camacha, um condutor foi detido por estar a conduzir com a carta
apreendida, incorrendo assim num crime de desobediência.
A PSP, através do responsável pela Divisão de Trânsito, Adelino Pimenta,
anunciou ainda a elaboração de uma série de processos-crime relativamente a 13
condutores que durante a passada semana não aguardaram pela chegada da
autoridade policial na sequência de acidentes, principalmente sobre aqueles que
não promoveram o socorro às vítimas. A propósito das fugas, a PSP não tem
dúvidas que as principais razões para este comportamento só pode ter a ver com o
consumo de álcool, a falta de carta de condução, de inspecção e do seguro.
A PSP registou durante esta mesma semana a ocorrência de uma centena de
acidentes de viação, 60 dos quais no Funchal, de que resultaram 3 feridos graves
e 36 feridos ligeiros.
De referir que a pessoa atropelada no Curral das Freiras, por uma bicicleta
continua em estado grave no Hospital. Joselino da Silva, de 41 anos, residente
nas Casas Próximas, encontra-se nos Cuidados Intensivos.
Ferdinando Bettencourt, In Jornal da Madeira,
2003-11-23
Doenças do coração e cerebrovasculares e o cancro
são as principais preocupações - Saúde com
novo plano de acção (JM,
2003-11-22)
O Plano Regional de Saúde 2004-2010
vai estar disponível na Internet, a partir de segunda, no “site” da Secretaria
Regional dos Assuntos Sociais.
Embora
o envelhecimento da população e o consumo de álcool, tabaco e droga constituam
uma grande preocupação, o Plano Regional de Saúde 2004-2010 «define estratégias
em áreas consideradas prioritárias em termos de intervenção, nomeadamente nas
doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e oncológicas». Quem o disse foi a
secretária regional dos Assuntos Sociais, ontem, na apresentação pública daquele
plano, que teve lugar na Direcção Regional de Planeamento e Saúde Pública.
Conceição Estudante referiu, ainda, que, de um modo geral, este plano visa
contribuir para a melhoria da qualidade e esperança de vida dos madeirenses, por
forma a que, até aos 75 anos, sejam auto-suficientes e independentes.
Relativamente ao Plano, que estabelece diversas metas a cumprir até 2010, a
directora regional de Planeamento e Saúde Pública disse que um dos objectivos é
reduzir o consumo de álcool, tabaco e droga, responsáveis pelo aparecimento de
graves doenças, algumas fatais. No que diz respeito ao álcool, revelou que será
feito um estudo aos consumos da população.
Quanto às principais causas de morte, como as doenças cardiovasculares,
cerebrovasculares e oncológicas, o Plano prevê medidas que as reduzam. Deste
modo, e no que se refere ao cancro, o rastreio será uma das formas de detectar
esta grave doença, que tem aumentado consideravelmente.
A racionalização do consumo de medicamentos é outro dos objectivos traçados, com
o incentivo ao uso de genéricos. Refira-se também que este plano traçou outras
metas que visam, designadamente, a redução da diabetes, que tem vindo a
aumentar, e da mortalidade de idosos causada por quedas.
Trata-se de um plano baseado no diagnóstico de Saúde na Região, que estará
disponível na Internet, a partir de segunda-feira, no “site” da Secretaria
Regional dos Assuntos Sociais, e, durante um mês, os utentes poderão dar a sua
opinião. Este será, posteriormente, apreciado no Conselho Regional de Assuntos
Sociais e aprovado pelo Governo, entrando em vigor em Janeiro de 2004.
Entretanto, considerando que a evolução socioeconómica da população está
intimamente ligada ao seu índice de saúde e que na Madeira as condições de vida
melhoraram, Conceição Estudante fez questão de referir que, ao contrário do que
foi noticiado na comunicação social, de que a Região tem cerca de 59 mil pobres,
há actualmente oito mil pessoas que são apoiadas com o Rendimento Mínimo. «O
número 59 mil diz respeito aos pensionistas abrangidos pelo Regime de Pensões da
Segurança Social e não tem nada a ver com os limiares de pobreza», explicou.
Cristina Sousa, In Jornal da Madeira, 2003-11-22
Secretária Regional dos Assuntos Sociais Conceição
Estudante - Uma questão de vontade
(JM, 2003-11-17)
Uma
questão de vontade. Uma atitude perante a vida. Uma decisão tomada, na hora
certa. Pequenos actos que ditam, na vida que temos, as consequências que
realmente queremos ter.
Em tudo o que fazemos, há sempre alguma coisa que fica para trás. Há sempre
escolhas que se fazem, umas mais acertadas, outras não. Mas sempre, sempre,
temos a capacidade de optar e seguir o caminho melhor.
Para o nosso bem-estar/saúde, existem também muitas escolhas que se apresentam e
que só podem ser tomadas de forma responsável e individualmente. Ninguém
consegue manter-se saudável sem nada fazer por isso.
Aqueles que, ao longo dos anos e desde cedo, souberam adoptar um estilo de vida
saudável são, certamente, os que têm as melhores condições para conseguir viver
mais e com mais saúde.
Uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico regular e o saber
dizer NÃO às dependências, sejam elas a droga, o álcool ou o tabagismo, são
algumas das condições essenciais para que a vida que temos pela frente seja não
apenas mais longa mas, e sobretudo, melhor vivida.
Todavia, e apesar de sabermos os riscos que decorrem das nossas atitudes, a
verdade é que nem sempre optamos pelo que é melhor para nós próprios.
Seguimos caminhos que não são os mais adequados, deixamo-nos levar pela sensação
enganosa do prazer imediato e esquecemos que as consequências aparecem, cedo ou
tarde.
Esquecemos, no fundo, a importância de preservar um bem tão essencial como a
saúde, lembrando-o apenas na sua ausência.
Já dizia Quintiliano que é mais fácil romper com os maus hábitos do que tentar
emendá-los. Na verdade, há momentos em que é preciso saber dizer não. E tudo
passa por uma questão de vontade, pela certeza de que a vida é demasiado válida
e preciosa para ser posta em risco.
Hoje, que se assinala o Dia do Não Fumador, é fundamental que se analisem as
repercussões que esta dependência tem vindo, progressivamente, a suscitar em
todo o mundo, não sendo o nosso país excepção.
O tabaco constitui um sério factor de risco para a saúde e influi, directamente,
em muitas patologias graves e mortais do ser humano.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), só em 2002, o tabaco contribuiu,
directa ou indirectamente, para a morte de 4,9 milhões de pessoas em todo o
mundo.
O tabagismo é classificado, aliás, segundo a OMS, como a principal causa de
morte evitável no mundo ocidental. Ainda segundo esta instituição, cerca de 20%
das mortes nos países desenvolvidos são devidas ao tabaco.
Na Europa, o fumo do tabaco é responsável por um milhão e 200 mil mortes anuais,
prevendo-se que, em 2020, este número ascenda a dois milhões. Em Portugal,
calcula-se que 20 a 26% da população é fumadora.
Os fumadores têm, em média, menos 10 anos de vida do que os não fumadores. Isto
porque as substâncias absorvidas corrompem alguns órgãos importantes e,
simultaneamente, tornam o organismo mais frágil em relação a certos vírus.
A doença mais vulgarmente associada ao consumo do tabaco é o cancro nos pulmões,
em-bora esta doença possa manifestar-se, também, na laringe, na faringe ou na
boca.
Os problemas respiratórios também se agravam em função do cigarro, podendo
surgir bronquites crónicas ou enfisemas. Por outro lado, os fumadores são mais
susceptíveis de apanhar constipações.
O tabaco afecta, igualmente, o sistema cardiovascular, favorecendo o
aparecimento da angina de peito e do enfarte do miocárdio.
Os fumadores apresentam a maior taxa de mortalidade, a maior morbilidade, o
maior consumo de cuidados de saúde e o maior absentismo por doença.
A lista de problemas de saúde associados ao tabaco é extensa. Além dos exemplos
atrás referidos:
• O tabaco provoca o envelhecimento precoce
• O tabaco resulta, na maior parte das vezes, em tosse crónica e problemas
respiratórios mais graves
• O cheiro do tabaco leva a uma diminuição das capacidades olfactivas
• O fumo torna os dentes muito mais fracos
• O fumo do tabaco aumenta o risco de Doenças Reumáticas
• O tabaco pode causar a infertilidade tanto em homens como em mulheres,
ocasionando ainda outras doenças do aparelho reprodutor.
Reduzir o tabagismo na RAM
É certo que a decisão de deixar de fumar é necessariamente individual. No
entanto, a desabituação da nicotina não é fácil e carece de apoio e
acompanhamento especializado.
Na Região, a Consulta de Desabituação Tabágica, desenvolvida no Hospital dos
Marmeleiros, tem vindo a registar uma crescente procura e a sua taxa de sucesso
ronda os 70%.
O Programa “Vamos Crescer sem Fumar” também alcançou os objectivos previstos no
que diz respeito à sensibilização dos mais jovens para este problema.
Todavia, é preciso continuar e reforçar todo o trabalho que tem vindo a ser
desenvolvido.
O Plano Regional de Saúde, no capítulo referente aos hábitos de vida saudáveis,
visa, como principal meta que, até ao ano 2010, seja reduzida a incidência dos
problemas e a mortalidade ligada ao consumo de tabaco na RAM.
Este documento prevê, como medidas estratégicas, a maior divulgação da
legislação em vigor e o seu respectivo cumprimento, bem como o aumento das
acções de sensibilização e promoção da saúde junto da população.
Pretendemos que esta mensagem seja transmitida e assimilada pela sociedade em
geral, nas escolas, nas empresas, nas instituições públicas e nas famílias,
porque acreditamos que é sempre possível melhorar a nossa saúde.
Cada indivíduo é e deve ser o maior responsável pelo seu estado de saúde. Para
que haja esta responsabilização, o Sistema irá fornecer os meios e os
instrumentos necessários e uma maior informação e formação para a saúde, por
forma a que as escolhas sejam feitas de forma consciente e de modo a que,
individual e colectivamente, todos possam contribuir para a
construção de uma sociedade todos os dias melhor e mais sã.
Pela saúde e pela vida, haja vontade!
Secretária Regional dos Assuntos Sociais Conceição
Estudante, In Jornal da Madeira, 2003-11-17
Novo Código
da Estrada (JM, 2003-11-16)
Em Janeiro vai entrar em vigor o novo
Código de Estrada, que vai agravar as coimas para o excesso de velocidade e de
álcool e penalizando outras infracções dos condutores que, no Código actual, não
eram objecto de contra-ordenação. O Expresso adiantou, ontem, que o novo Código
de Estrada vai punir com apreensão de carta quem estacionar em passadeiras ou
nos passeios, impedindo a passagem dos peões, quem utilizar o telemóvel sem
auricular ou sistema de alta voz e quem desrespeitar a paragem obrigatória em
cruzamentos, entroncamentos e rotundas. Passa a ser contra-ordenação atirar
objectos incandescentes pela janela fora, ou seja, atirar beatas vai ser
infracção.
Conduzir com uma taxa de álcool acima dos 0,8 g/l no sangue dá multa entre os
500 e os 2.500 euros. Trata-se de um aumento de quase 50% da coima máxima e é o
agravamento mais pesado que o Ministério da Administração Interna vai introduzir
no novo Código. O período probatório para os récem-encartados passa de dois para
três anos. Outra novidade é a de que para obter carta de condução é preciso
saber ler e escrever, ao contrário do que se passa agora, em que não é imposto
qualquer nível de literacia.
JM, In Jornal da Madeira, 2003-11-16
No
âmbito do Serviço Regional de Saúde - Núcleo contra o alcoolismo (JM,
2003-11-13)
O Serviço Regional de Saúde terá um
núcleo responsável pela coordenação do combate ao alcoolismo. O novo organismo
deverá ser apresentado em breve.
A
Secretaria Regional dos Assuntos Sociais deverá anunciar, até ao final deste
mês, a criação de um organismo, no âmbito do Serviço Regional de Saúde, que
ficará encarregue pela coordenação da luta contra o alcoolismo.
Em declarações ao JORNAL da MADEIRA, a responsável pelo sector da Saúde, sem
querer adiantar muito sobre o assunto, uma vez que o mesmo está ainda a ser
trabalhado, disse que, “neste momento, estamos a preparar tudo para que, após a
apresentação do Plano Regional de Saúde, e na sequência desse plano, se faça a
apresentação pública daquilo que nós vamos fazer na área do alcoolismo”.
Para Conceição Estudante, “o problema do alcoolismo se enquadra no problema da
saúde mental, em sentido amplo, porque as suas confluências se fazem sentir
também nesse domínio, embora não só, porque, tal como o tabaco tem outros
efeitos secundários”.
De qualquer forma, revelou a secretária regional dos Assuntos Sociais, o Governo
Regional “vai preparar um conjunto de acções concretas que vão ser apresentadas
em breve, relativamente ao álcool, dentro da nova estrutura do Serviço Regional
de Saúde, com uma coordenação que irá ser criada para o problema do alcoolismo”.
Essa coordenação, conforme referiu Conceição Estudante, “irá enquadrar todas as
acções ao nível da saúde nos serviços públicos e ao nível das instituições
privadas que colaboram nesta área, nomeadamente a Casa de Saúde São João de Deus
e a Casa de Saúde Câmara Pestana, que também já têm muito trabalho desenvolvido
nesta matéria”.
Porém, neste momento, a secretária regional dos Assuntos Sociais entende que é
necessário um organismo que congregue “todos os esforços e criar uma coordenação
visível e, no fundo, aglutinar as acções todas que já se fazem e fazer crescer
aquelas que ainda faltam fazer, por forma a que isso aconteça já a partir do
próximo ano”.
De acordo com Conceição Estudante, “a saúde mental é um dos eixos de prioridade
do Plano Regional de Saúde, na qual se integra o problema das dependências”,
neste caso concreto a do alcoolismo.
Os objectivos do novo organismo, tal como referiu, “estão bem definidos, falta
agora definir os meios, os recursos e as acções concretas”. Para já, no caso das
dependências, quer o álcool, quer o tabagismo, o Governo Regional “irá preparar
um conjunto de acções que tenham grande impacto”, não excluindo a possibilidade
de eventuais campanhas publicitárias.
Marsílio Aguiar, In Jornal da Madeira, 2003-11-13
Psiquiatra madeirense Luís Filipe - Novas medidas no combate ao alcoolismo
(JM, 2003-11-12)
O psiquiatra madeirense Luís Filipe
admite que os problemas ligados ao consumo de álcool são um dos principais
factores de doença em termos de saúde pública na Região.
Aquele responsável, que acompanha muitos doentes dependentes do alcoolismo,
afirma, contudo, que tem sido feito um esforço, por parte de quem governa, no
sentido de atenuar esta problemática.
O especialista em psiquiatria afirma mesmo que as entidades competentes estão
dispertas para a actual situação. Está, inclusive, previsto um conjunto de
medidas no sentido de atenuar este problema de saúde pública, o qual não afecta
só a sociedade madeirense. Trata-se, segundo diz, de uma situação que urge
“atacar” e para a qual «estão a ser tomadas medidas concretas».
Medidas essas que o psiquiatra não quis apontar. Até por considerar que «ainda é
cedo para o fazer».
Quanto às zaragatas que acontecem com alguma regularidade nos arraiais da
Madeira, embora sem saber as causas de cada uma, o psiquiatra não tem dúvidas de
que a maioria dos casos acontece porque há álcool a mais no sangue.
Carla Ribeiro, In Jornal
da Madeira, 2003-11-12
MÃO AMIGA foi alertar alunos nocturnos da Gonçalves
Zarco - “Jovens precisam de coragem para
dizer não ao álcool” (JM,
2003-02-12)
Rui Cardoso advertiu, neste sentido,
para que a juventude saiba viver saudavelmente, de preferência, sem consumir
bebidas alcoólicas, dado que a sociedade de hoje está, cada vez mais,
desinteressada desta problemática.
Os jovens precisam de acabar com os
preconceitos e terem coragem de dizer não ao álcool. O alerta é de Rui Cardoso,
presidente da associação MÃO AMIGA, que ontem, a convite da Escola Básica e
Secundária Gonçalves Zarco, levou a cabo uma acção de formação e prevenção sobre
“Problemas ligados ao álcool”, aos alunos do ensino nocturno, com o apoio do
enfermeiro José Manuel, especialista em Saúde Mental.
Segundo o responsável, dizer não ao álcool torna-se, por vezes, problemático daí
que os jovens precisam de aprender a dizer não sem qualquer complexidade, para
que saibam construir a sua personalidade sem interferências dos outros, vivendo
como gostam, sem pressões nem influências de outros.
“Os jovens estão convencidos de que o mal acontece aos outros e nunca a eles,
porque ainda são jovens e, como tal, são blindados, desconhecendo que os
alcoólicos de hoje, também já foram novos”, frisou.
A propósito, salientou também o crescente desinteresse que os adultos têm vindo
a ter em relação ao acompanhamento dos jovens e do álcool.
Rui Cardoso advertiu, neste sentido, para que a juventude saiba viver
saudavelmente, de preferência, sem consumir bebidas alcoólicas, dado que a
sociedade de hoje está, cada vez mais, desinteressada desta problemática.
Tendo em conta que são poucas as chamadas de atenção que hoje se fazem, neste
âmbito, Rui Cardoso alertou para os problemas de saúde e familiares que este
tipo de consumo causa.
Hoje, a associação estará na Escola BI/PE Fonte da Rocha, Câmara de Lobos, pelas
14 horas, a prestar esclarecimentos aos pais e encarregados de educação.
Na próxima semana, a associação conta estar noutras escolas a prestar mais
esclarecimentos tendo em vista a mudança do rumo dos acontecimentos e da
mentalidade da sociedade.
Élia Freitas, In Jornal da
Madeira, 2003-02-12
Tema de Reflexão - Direitos
dos Doentes (JM, 2003-02-11)
Nunca ninguém deve alimentar a ideia
de que um doente é uma pessoa a mais neste Mundo.
Por
vezes encontramos doentes desanimados ou com certo pessimismo sobre a sua
«qualidade de vida». Posso citar um caso concreto, embora anónimo, claro está.
Trata-se de alguém a lamentar-se que os médicos já não lhe ligam atenção, porque
a sua doença é progressiva e sem remédio possível. Procurei ser sincero, sem me
meter em problemas de natureza médica. Seria atrevimento a imprudência.
Limitei-me a dizer que um doente não é alguém a mais no Mundo. É uma pessoa com
direitos especiais, precisamente porque é doente. Mesmo que a enfermidade seja
catalogada de incurável, restam ainda os chamados cuidados paliativos que
suavizam o mal-estar e às vezes proporcionam algumas melhoras e alívio.
«O doente tem o direito de receber do seu médico informações necessárias para
poder dar consentimento antes de qualquer intervenção cirúrgica ou de qualquer
outro tratamento. Salvo em caso de urgência, essa preparação para o
consentimento esclarecido deve referir-se, sem necessariamente ser um limite à
intervenção e/ou ao tratamento em causa, aos riscos que comporta e à duração
provável da actividade; quando existem outras possibilidades de tratamento ou da
outra assistência, ou quando o doente pede precisões sobre as alternativas
médicas, o doente tem o direito de conhecer essas precisões; também tem o
direito de conhecer o nome da pessoa responsável da intervenção e/ou de qualquer
outro tratamento que lhe seja ministrado» (in Fraternidade Católica dos Doentes,
p. 97).
Nunca ninguém deve alimentar a ideia de que um doente é uma pessoa a mais neste
Mundo. A enfermidade não é nenhuma maldição. Arruinar a saúde voluntariamente
com excessos, como sejam o alcoolismo e a toxicodependência, é uma transgressão
do quinto mandamento do Decálogo. Porém, dada a fraqueza humana e a falta de
educação esmerada, estes excessos podem ser mais ou menos isentos de culpa, o
que não significa que não sejam condenados. Arriscar a saúde, ou mesmo a vida,
para salvar alguém da morte é um acto heróico que deve ser admirado por todos.
Cristo disse: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus
amigos» (Jo. 15,13).
Uma das necessidades mais urgentes e mais humanas do nosso tempo é a prestação
de cuidados aos doentes e idosos abandonados pela família. Numa altura em que
abundam as pressões duma vida acelerada e com mil solicitações de todo género,
pode faltar tempo (ou disposição) para visitar um doente que sofre de solidão
amarga e de incerteza quanto ao seu futuro. Na multidão dos sinistrados graves
que são levados para os hospitais, estes problemas surgem com acuidade.
Nuno Filipe, O. H., In Jornal da Madeira,
2003-02-11
Igual a toda a Região -
Alcoolismo não é exclusivo da Calheta
(JM, 2003-02-10)
O presidente da direcção executiva da
Escola Básica e Secundária da Calheta desdramatiza a situação, referindo que
houve um caso, numa festa de aniversário, que a escola teve de intervir,
trazendo as três alunas para o interior do estabelecimento de ensino e
contactando os pais para lhes dar conta da ocorrência.
“Há
muitos jovens a consumirem álcool nos estabelecimentos localizados junto à
Escola Básica e Secundária da Calheta e já foram vários, os pais que foram
chamados ao Conselho Directivo da escola para irem buscar os filhos por estes se
encontrarem embriagados”.
Esta a denúncia feita ao nosso jornal por pessoas que lidam, diariamente, no
sítio onde está localizado aquele estabelecimento escolar. O presidente da
direcção executiva da Escola Básica e Secundária da Calheta desdramatiza a
situação, referindo que houve um caso, numa festa de aniversário, que a escola
teve de intervir, trazendo as três alunas para o interior do estabelecimento de
ensino e contactando os pais para lhes dar conta da ocorrência. Mas daí a
considerar que os jovens daquele concelho estão habituados ao consumo de álcool
ou que a problemática em causa é mais preocupante naquela localidade, vai uma
grande distância. O que acontece, conforme explicou ao nosso jornal, António
Lucas, é que a escola decidiu, durante este ano escolar, realizar um inquérito
junto da população estudantil com o propósito de apurar sobre os seus hábitos
alimentares. À pergunta sobre se já alguma vez tinham tido contacto com o
álcool, 11 por cento da população inquirida admitiu que, em casos pontuais, tais
como numa festa de anos, já tinha consumido bebidas alcoólicas. Estes dados
apresentados pelo estabelecimento escolar foram, posteriormente, “deturpados”.
António Lucas diz que a ideia que se fez passar, lá para fora, é que 11 por
cento dos alunos consome, diariamente, bebidas alcoólicas. Facto que não
corresponde à realidade.
Fazer opções
O presidente da direcção executiva da Escola Básica e Secundária da Calheta
admite que o problema do álcool junto da população mais jovem é também uma
realidade naquele concelho. Mas não é mais grave que os casos verificados em
toda a Região e nos restantes estabelecimentos escolares da Madeira.
“Temos uma responsabilidade de educação e como tal, temos responsabilidades,
assim como têm os encarregados de educação”, adianta António Lucas, o qual
refere que a escola está a tentar intervir no sentido de mudar os hábitos
alimentares dos seus alunos. Mas essa intervenção não se refere concretamente ao
consumo de álcool mas ao tipo de alimentação na generalidade.
No tocante ao envolvimento das famílias nesta matéria, o representante da
direcção executiva da Escola Básica da Calheta admite que alguns progenitores
não estão a saber lidar com a situação. “Muitas vezes temos algum problema em
mobilizar os pais e fazê-los entender que é necessário intervir em determinadas
áreas”, refere António Lucas, para logo adiantar que a instituição escola conta
com a participação dos pais.
Relativamente à existência, perto da escola, de estabelecimentos que vendem
bebidas alcoólicas, António Lucas concorda que a fiscalização deve ser feita e
adianta, inclusive, que os proprietários dos bares que estão localizados nas
redondezas já foram sensibilizados para o problema. No entanto, e conforme
defende, “não se pode acabar com os bares e restaurantes existentes à volta de
todas as escolas”. O que é preciso, segundo defende, “é fazer com que eles, os
jovens, saibam o que é faz bem e o que faz mal para eles. Temos de tentar
combater as posturas que eles têm através da difusão de outros valores”.
“Os jovens têm de ter interiorizada a capacidade de fazer opções”, finalizou.
Carla Ribeiro, In Jornal da
Madeira, 2003-02-10
Há lei que restringe venda -
Acesso a bebidas alcoólicas facilitado aos jovens
(JM, 2003-02-04)
A Região não é excepção e, segundo
foi adiantado ao JORNAL da MADEIRA, qualquer adolescente continua a poder
comprar, tranquilamente, uma garrafa de cerveja ou de vinho em qualquer
estabelecimento comercial.
Passado
um ano da publicação da lei que restringe a venda de bebidas alcoólicas aos
menores de 16 anos, parece que, ao nível do consumo, tudo continua na mesma. Ou
seja, continua a existir, em Portugal, uma tendência para o aumento do número de
consumidores com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos. A Região não é
excepção e, segundo foi adiantado ao JORNAL da MADEIRA, qualquer adolescente
continua a poder comprar, tranquilamente, uma garrafa de cerveja ou de vinho em
qualquer estabelecimento comercial.
O nosso matutino ouviu a Inspecção das Actividades Económicas. Valentim Caldeira
não quis adiantar números concretos, uma vez que está a ser feito, neste
momento, o relatório de toda a actividade da IAE durante o último ano, relatório
esse que incluirá os dados referentes a este sector.
De qualquer forma, aquele responsável admitiu que foram detectadas algumas
infracções, tendo assegurado que a IAE vai continuar a insistir na fiscalização
a este nível. Contudo, Valentim Caldeira não considera que o número de
ilegalidades detectadas seja preocupante.
São várias as razões que poderão estar relacionadas com este aumento de
consumidores de álcool de uma faixa etária bastante jovem.
O psiquiatra Saturino Silva considera que, ao nível do tratamento do alcoólico,
tudo está a ser feito. Mas, no que toca à prevenção, muito há ainda por fazer.
Saturnino Silva considera que a Madeira acompanha as estatísticas nacionais, as
quais indicam que o número de jovens a consumir álcool é cada vez mais
significativo.
Considerando que é preciso tomar uma série de medidas defendidas pela
Organização Mundial de Saúde, Saturnino Silva aponta, como exemplo, a
importância de se fazer subir o preço do álcool, assim como defende uma maior
fiscalização por parte da Polícia de Segurança Pública. Refere também que o
número de estabelecimentos de venda de bebidas alcoólicas na Madeira deveria
sofrer uma redução.
A Associação “Mão Amiga”, por seu lado, também considera que a lei que entrou em
vigor em Janeiro do ano passado foi “mais uma que se fez para continuar a não
ser cumprida.
Na opinião de Rui Cardoso, “nada se alterou. Continuamos a ver jovens, de muita
tenra idade, completamente alcoolizados. Continuamos a ver estabelecimentos a
vender bebidas alcoólicas a esses mesmos jovens”.
Mas o que preocupa, ainda mais, a Associação “Mão Amiga” é o facto de os pais
estarem a ser cada vez mais permissivos. “Dão muita liberdade aos filhos e
deixam-nos ser adultos mais cedo”, refere Rui Cardoso.
No que toca às acções de sensibilização que têm sido realizadas nos
estabelecimentos escolares da Região, Rui Cardoso referiu-nos que já há muitos
jovens a procurarem saber mais informações sobre os malefícios do consumo de
álcool. “Depois de cada sessão vêm nos dizer que desconheciam que o álcool
fizesse assim tanto mal”, sublinha.
Carla Ribeiro, In Jornal da
Madeira, 2003-02-04
Para os
malefícios do álcool - "Mão Amiga" alerta jovens (JM,
2003-02-04)
Esta iniciativa foi dirigida a 39
alunos com idades compreendidas entre os 20 e os 25 anos, do Instituto Técnico
de Seguros.
A Associação Anti-Alcoólica "Mão Amiga"
realizou, ontem, mais sessão de esclarecimento sobre os malefícios do consumo do
álcool. Esta iniciativa foi dirigida a 39 alunos com idades compreendidas entre
os 20 e os 25 anos, do Instituto Técnico de Seguros. A "Mão Amiga" voltou a
alertar para as consequências do consumo abusivo de álcool, considerando que,
mesmo que consumidas moderadamente, as bebidas alcoólicas podem ser o primeiro
passo para o seu uso abusivo. Para hoje, aquela associação de combate ao
alcoolismo tem agendada uma iniciativa no Centro de Reabilitação da Sagrada
Família. Esta acção é dirigida a crianças com idades compreendidas entre os 7 e
os 10 anos.
JM, In Jornal da Madeira, 2003-02-04
Da Escola Secundária do 3.º Ciclo do Funchal -
Mão Amiga sensibiliza alunos para os perigos
do álcool (JM,
2003-01-28)
Presente nesta iniciativa, o
presidente da Mão Amiga disse que não vale a pena fazer de conta e “esconder”
que o consumo de bebidas alcoólicas não existe nas faixas etárias mais jovens,
porque se trata de uma realidade.
Porque
nunca é de mais informar, a Mão Amiga — Associação de Alcooldependência
realizou, ontem, a primeira de seis acções de prevenção e formação sobre
alcooldependência aos alunos da Escola Secundária do 3.º Ciclo do Funchal.
A ideia partiu da psicóloga da escola, Cláudia Andrade, porque, segundo referiu,
“há muitas crianças inclinadas para o consumo de álcool”, e esta acção de
prevenção irá fazer com que se apercebam “que o álcool faz mal à saúde e que
pode ter graves consequências no futuro”.
Presente nesta iniciativa, o presidente da Mão Amiga disse que não vale a pena
fazer de conta e “esconder” que o consumo de bebidas alcoólicas não existe nas
faixas etárias mais jovens, porque se trata de uma realidade. “O consumo de
álcool nas camadas jovens é cada vez maior e cada vez mais precoce”, salientou.
Segundo Rui Cardoso, muitos jovens consomem bebidas alcoólicas, mesmo
inconscientemente, por uma questão social ou porque em grupo se propicia o
hábito.
Para além disso, referiu que os pais começaram a desligar-se um pouco dos filhos
e, apesar de estes estarem prevenidos para os malefícios daquela substância, os
pais “quase que os incentivam ou ignoram o problema”.
Dadas estas circunstâncias, entende que a sensibilização deve continuar a ser
feita entre os mais jovens.
Esta acção de sensibilização e de informação lavada a cabo nesta escola veio
demonstrar que a euforia, a alegria e a desinibição são qualquer coisa de
espantoso mas os jovens ignoram que as bebidas alcoólicas, por eles consumidas,
lhes trarão, no futuro, grandes e graves problemas.
Cristina Sousa, In Jornal da
Madeira, 2003-01-28
Saúde - Alcoolismo
(JM, 2003-01-19)
Frequentemente, o alcoólico revela os
primeiros problemas graves relacionados com o álcool entre o fim dos 20 anos e o
início dos 30, muitos deles procurando tratamento no início dos 40 anos, após
mais de uma década de problemas.
Tal como acontece com outros países do
sul da Europa, Portugal tem um papel importante na produção, comercialização e
consumo de bebidas alcoólicas, particularmente o vinho. No nosso país
destacam-se elevados consumos “per capita”, com um valor situado nos 11,2
litros, o que justifica centenas de milhares de casos de alcoolismo, assumindo
os problemas ligados ao álcool dramáticas proporções. É hoje consensual que o
alcoolismo é um dos principais e dos mais graves problemas de saúde que a Europa
enfrenta, sendo a substância de abuso mais frequente, o que provoca sérios
problemas médicos e psicológicos.
Até 2010, Portugal deverá reduzir o seu consumo de álcool de 11,2 para 9 litros,
segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Para o crescimento do
consumo registado nos últimos anos tem contribuído como principal factor o
aumento da ingestão de álcool junto das mulheres e dos jovens. Com efeito, o
ritual de integração dos jovens na sociedade, como, por exemplo, nas festas e
nas saídas com os amigos, faz-se muitas vezes à custa do consumo de bebidas
alcoólicas.
O alcoolismo é uma doença grave que, tanto em Portugal como em diversos outros
países, tem um profundo impacto na saúde populacional. É importante reconhecer
que é um problema de todos os estratos sociais e económicos, de diversas idades
e de ambos os sexos. O período de idade em que existem mais bebedores vai dos 16
aos 25 anos, após o que se verifica uma diminuição com a idade.
Há uma série de estudos que indicam a importância de factores genéticos na
origem do alcoolismo.
Frequentemente, o alcoólico revela os primeiros problemas graves relacionados
com o álcool entre o fim dos 20 anos e o início dos 30, muitos deles procurando
tratamento no início dos 40 anos, após mais de uma década de problemas.
O médico de família confronta-se frequentemente com esta doença, quer
directamente através da patologia provocada pelo álcool quer indirectamente
através da família que muitas vezes vem pedir ajuda para tratamento daquele
elemento do agregado familiar. Esta é muitas vezes vítima de violência causadora
de depressão, ansiedade, insucesso escolar, abandono e incesto, entre outros
problemas. Para além das consequências no seio familiar, outras há a nível da
comunidade, tais como o isolamento (com perda do contacto social e a retirada de
actividades comunitárias), atitudes agressivas e conflituosas, problemas legais
e comportamentos de risco. Há também uma modificação dos hábitos pessoais,
nomeadamente higiene e vestuário deteriorados e alimentação deficitária.
A nível do organismo, o álcool afecta diversos aparelhos do nosso corpo,
provocando muitas doenças. Atinge, por exemplo, o tubo digestivo, o coração e
vasos sanguíneos, bem como o sistema nervoso. As doenças por ele provocadas são
diversas, destacando-se entre elas a cirrose, a pancreatite, a hipertensão
arterial, a doença ulcerosa, o cancro, doenças do sistema nervoso e do coração.
Pode conduzir à morte, através de algumas dessas patologias, do suicídio e de
acidentes (de viação, domésticos ou laborais). De facto, somos o país da União
Europeia com a taxa mais elevada de mortalidade rodoviária. Morrem cerca de 200
portugueses por mês em acidentes de viação e 33% dos condutores acidentados
testados apresentam alcoolemia positiva.
Apesar de tudo, o alcoolismo não é uma perturbação sem solução. Em primeiro
lugar é fundamental reconhecer que o problema existe. Fazer com que uma pessoa
tome consciência de que está a abusar do álcool pode constituir um processo
longo e difícil. O médico irá pesquisar os problemas levantados pelo excesso de
consumo de álcool e poderá sugerir que o doente tome medicamentos específicos
durante um período. Por vezes há necessidade de internamento, nomeadamente
quando se prevê que os sintomas de privação sejam graves. A existência de
associações de alcoólicos anónimos é muito importante, porque elas ajudam a
ultrapassar a vergonha e o silêncio, promovendo o encontro com outras pessoas
com quem o doente se possa identificar, aprendendo que não está só e, mais
importante ainda, acreditando na recuperação.
Convém também ter presente que há sempre o risco de recaída quando se abandona
qualquer droga, nomeadamente o álcool, independentemente da vontade da pessoa.
Mas o importante é não se deixar derrotar por um retorno ao consumo. Em caso de
recaída, o doente deverá consultar o seu médico novamente, com a maior
brevidade, porque só com persistência é que os resultados poderão começar a
surgir.
Teresa Remédios, In Jornal da Madeira, 2003-01-19
Dia Litúrgico -
S. Berardo (JM, 2003-01-16)
Féria da 1.ª Semana do Tempo Comum
S. Berardo, presb e Comp. mm.
Missa: à escolha.
Leituras:
Hebr 3, 7-14
Sl 94 (95), 6-7. 8-9. 10-112.
O Evangelho de hoje (Mc 1, 40-45)
Um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: "Se quiseres, podes
purificar-me." Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: "Quero, fica
purificado." Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. E logo o
despediu, dizendo-lhe em tom severo: "Livra-te de falar disto a alguém; vai,
antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi
estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho."
Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a
ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares
despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.
Pontos de reflexão
O leproso era votado à marginalização total, social e religiosa. Este homem não
se resigna à sua sorte e acode a Jesus. Jesus purifica-o e restitui-o à
comunidade. A lepra continua a afligir o homem moderno, sob diversas espécies:
droga, alcoolismo, prostituição, submundo da injustiça. Perante esta sociedade
de consumo que nos oprime e produz ricos e pobres, parece estarmos num mundo
anímico. É preciso de novo, pedir a Jesus que purifique e limpe. Certamente
continua a curar e a purificar aos que o pedem e desejam com recta intenção.
JM, In Jornal da Madeira, 2003-01-16
UDP prepara Programa de Luta Contra a Pobreza e
Exclusão Social - Comissão de Protecção de
Crianças tem 500 processos por resolver
(JM, 2003-01-14)
Ficou ainda o alerta, por parte da UDP, para a
disponibilização de mais psicólogos nas escolas tendo em vista o acompanhamento
destas crianças, pois, segundo Roberto Almada, “a toxicodependência cresce a
olhos vistos na Região.
A UDP-M, tendo em vista a preparação de algumas
iniciativas parlamentares de âmbito social, nomeadamente um Programa de Luta
Contra a Pobreza e Exclusão Social, reuniu, ontem, com a Comissão de Protecção
de Crianças e Jovens, a exemplo de outras instituições, para apurar das suas
dificuldades e carências.
Neste momento, a Comissão depara-se com falta de recursos humanos para dar
resposta a quase 500 processos que tem entre mãos, 270 dos quais são queixas que
deram entrada no ano passado.
A maior parte dos casos denunciados tem a ver com o absentismo escolar, seguido
de um crescente número de casos de crianças vítimas de maus tratos e
negligência, fruto do alcoolismo familiar, mas que são cada vez mais denunciados
publicamente, referiu a presidente da Comissão, Odeta Pereira, que reiterou a
necessidade de cada pessoa atentar, no seu dia-a-dia, na postura que assume no
relacionamento com os outros.
Ficou ainda o alerta, por parte da UDP, para a disponibilização de mais
psicólogos nas escolas tendo em vista o acompanhamento destas crianças, pois,
segundo Roberto Almada, “a toxicodependência cresce a olhos vistos na Região".
Élia Freitas, In Jornal da Madeira, 2003-01-14
Casa S. João de Deus -
Alcoolismo aumenta entre as mulheres
(JM, 2003-01-13)
A Casa São João de Deus está aberta a
todo o tipo de iniciativas, provenientes de fora, de modo a sensibilizar para
estes problemas sociais.
A
Casa de Saúde São João de Deus tem vindo a receber cada vez mais mulheres para
tratamentos de desintoxicação.
Uma situação que revela que a dependência do álcool, entre as mulheres, tem
vindo a aumentar na Região. A afirmação foi feita, ontem, pelo director da Casa
de Saúde São João de Deus, no decorrer de um espectáculo de Natal oferecido pelo
Centro Cultural de Santo António, aos doentes daquela instituição e familiares.
Para Aires Gameiro, este problema tem aumentado devido à crescente emancipação
feminina. "As mulheres tem adquirido mais poder de compra e autonomia e por
vezes ao quererem-se comparar aos homens, em algumas coisas, assumem
comportamentos destrutivos", disse.
A animação da festa esteve a cargo do grupo de Folclore de Bandolins e de Danças
do Centro Cultural de Santo António, que pretende durante este ano de 2003,
fazer espectáculos por toda a ilha, em casas do género, como forma, também, de
justificar os dinheiros públicos que recebe para dinamizar as actividades do
grupo.
No entanto, ainda, em relação a financiamentos, Noé Cró, presidente deste Centro
Cultural, afirma que é uma pena os grupos culturais não serem mais apoiados,
como acontece com as associações desportivas, que são apoiadas pelo IDRAM,
embora, que com a criação do Estatuto do Dirigente Cultural a situação possa vir
a melhorar.
Noé Cró defende que os grupos culturais têm um importante papel a desempenhar,
levando uma mensagem de esperança a todas pessoas que se encontram nestas casas.
Por outro lado, este responsável, pretende mostrar, principalmente, aos jovens
que fazem parte dos grupos, que podem ajudar os outros e para que, desta forma,
tenham um contacto mais directo com estas realidades sociais.
A Casa São João de Deus mostrou-se bastante aberta a este tipo de iniciativas
que vêm de fora. “Para nós tudo aquilo que possa dar vida à nossa casa é
bem-vindo”, afirmou Fátima Baptista, funcionária da mesma.
Para o director da Casa São João de Deus, Aires Gameiro a abertura da casa ao
exterior só traz vantagens para os doentes e permite uma maior sensibilização da
sociedade para os doentes mentais. Nesse sentido, a Casa São João de Deus faz um
apelo à sociedade, para que de alguma forma colabore com esta instituição.
JM, In Jornal da Madeira,
2003-01-13
“Mão Amiga” recebeu alunos da Sagrada Família -
Jovens bebem cada vez mais cedo
(JM, 2003-01-08)
“Os grandes responsáveis por essa
situação são os pais, já que deixam os jovens sair até mais tarde”, referiu Rui
Cardoso.
Actualmente
os jovens começam a beber cada vez mais cedo. Tal situação deve-se ao facto de a
oferta ser cada vez maior e ao facto de estes terem mais liberdade.
Estas foram as palavras de Rui Cardoso, presidente da direcção da Associação de
Alcoologia “Mão Amiga”, ontem, durante a visita de um grupo de alunos do 1.º
Ciclo do Centro de Reabilitação Psicopedagógica da Sagrada Família a esta
instituição.
Segundo este responsável, os pais são os principais culpados pelo facto de os
jovens começarem a consumir bebidas alcoólicas mais cedo, uma vez que,
salientou, “os grandes responsáveis por essa situação são os pais, já que deixam
os jovens sair até mais tarde, sem muitas vezes saberem como é que estes
regressam a casa”.
Uma vez que esta é a faixa etária da população que está mais em risco, já que
muitas vezes, ou por falta de conhecimentos ou por influências dos colegas, os
jovens “caem nas teias da dependência”, é principal preocupação da Associação
“Mão Amiga” prevenir os mesmos sobre os problemas ligados ao álcool, uma
substância que “é uma dependência como todas as outras”, referiu Rui Cardoso.
Neste sentido, esta associação já tem levado a efeito muitas acções de
informação em várias escolas e pretende continuar a fazê-lo. Como tal, hoje, a
Associação “Mão Amiga” desloca-se a uma escola da Calheta e, nos próximos dias
27, 28 e 29, à Escola Secundária do Funchal.
Assim sendo, ontem, à semelhança do que tem vindo a acontecer, o presidente da
referida associação esclareceu os alunos sobre o que são as bebidas alcoólicas,
quais as suas composições, a partir de que idade a poderão consumir, ainda que
moderadamente, e as influências que essas mesmas bebidas têm a nível do
organismo, da sociedade e da família.
Ainda que considere que os resultados destas acções de informação só sejam
visíveis no futuro, Rui Cardoso referiu que os jovens têm aceite muito bem as
mensagens que lhes têm sido transmitidas. “Há jovens que nos agradecem pela
prevenção que nós fazemos”, acrescentou ainda.
Ricardo Caldeira, In Jornal da
Madeira, 2003-01-08
Carta a um irmão drogado (JM,
2003-01-05)
Meu irmão:
Vais pensar que se não fosse o Natal e Ano Novo não te escreveria, porque, só
nos lembramos de que há drogados, alcoólicos, crianças violadas, crianças com
fome e vítimas de toda a espécie de violência, em determinados momentos, como
neste do Natal ou quando a Comunicação Social descobre uma miséria criminosa
relacionada com um aspecto desses. Então, uma dessas coisas entra na moda e anda
na boca de toda a gente. Porém, digo-te desde já que não foi a quadra do Natal e
a magia que ela encerra que motivou estas singelas palavras.
Há muito tempo que ando para escrever-te. Muitas vezes vejo-te nos recantos a te
injectares com outros jovens como tu (e até uma vez me disseste, como que a
camuflar o medo, que se quisesse podia chamar a polícia). Mas, num dia destes da
quadra do Natal, vi-te só num recanto escondido, a prepares a dose de droga, com
todo o ritual que isso implica até ao momento da picada numa das veias do braço
esquerdo. E ainda tivestes tempo para a solidariedade, preparastes, na mesma
ocasião, outra dose para alguém que te falou pelo telemóvel.
Provavelmente não acreditas naquilo que te vou dizer, mas lá vai, o meu coração
ficou manchado de dor pelo que vi e pela forma como te vergavas à dependência
que te apanhou. Naquele momento, quando te observava, sem tu saberes que eu te
olhava, porque me escondi o mais que pude, o meu corpo ficou petrificado como se
estivesse dentro de uma montanha de gelo. É um dos momentos mais terríveis da
minha vida.
Não queria acreditar que eras o carrasco de ti mesmo, porque te crucificavas com
as tuas próprias mãos. Os poderosos que te condenaram ao sofrimento e à morte
não sujam as mãos, estavam a celebrar o Natal em grandes mansões com salas
luxuosas aquecidas pelas requintadas lareiras. É isso mesmo que acontece,
enquanto tu próprio cravavas os pregos da tua condenação nos teus próprios
braços carregados de manchas negras, estarão, provavelmente, no bem bom os teus
algozes saboreando as melhores comidas, fumando o melhor tabaco do mercado e
bebendo whisky do mais caro. Tu no recanto onde te escondias correspondias
plenamente à vontade desses «senhores» sem alma, sem escrúpulos e sem qualquer
respeito pela dignidade humana.
Naquele momento enquanto te observava ainda deu para colocar o meu pensamento em
marcha e descobri no fundo da minha memória uma série de coisas muito tristes
para todos nós. Em primeiro lugar, tu eras a imagem de um universo de jovens
muito grande que se deixaram instrumentalizar e auto flagelam o seu corpo de uma
forma barbara. Segundo, tu revelaste-me que esse universo incontável de jovens
que se droga como tu, não sabem mais o que é a beleza da vida, não conseguem
viver sem o veneno da morte, da morte lenta que te oferecem diariamente.
Terceiro, tu e todos os outros jovens drogados, perderam a liberdade e a vontade
própria, que é a coisa mais bela que um homem e uma mulher podem sentir. Quarto,
tu naquele momento mostraste-me a imagem da auto destruição da sociedade actual.
Quinto, outra vez fiquei convencido que o teu coração estava totalmente ausente
do teu corpo, não tinhas domínio sobre ti mesmo. Sexto e último, tu correspondes
plenamente àquilo que os poderosos aspiram, ou seja, que muita clientela se
deixe dominar por esta doença terrível que mata o corpo e a alma. Mas enche de
bens os dominadores deste mundo.
Caro irmão, os meus dias de Natal do ano 2002 foram muito diferentes, porque tu
conseguistes alterar toda a expectativa e todo o entusiasmo que tinha dentro de
mim à medida que me preparava para o Natal. Não te vou dizer que passei mal
estes dias, foram dias muito cheios de tudo o que eu esperava, mas à medida que
o tempo passava, tu não me saías da cabeça, pensava que tu e tantos outros como
tu não tinham um Natal em cheio, um Natal como só as crianças sabem viver, pleno
de alegria e felicidade. Estás preso e dominado pela força da dependência.
Outra coisa que te quero dizer — mesmo que penses que não tenho nada com a tua
vida e que só tu é que és o teu dono — se ao menos existir uma ocasião, um
minuto e um segundo de lucidez no teu tempo de vida diário, põe a mão no teu
coração e pensa um pouco naquilo que tu és e em que te tornastes.
Perdoa-me a sinceridade, mas aquele momento em que consomes a maldita da droga é
de cair à cova. O teu medo constante, a tua profunda inquietação a ver se vem
alguém e quando vem escondes todo o material — talvez esteja a usar uma
linguagem pouco técnica, porque sei que vocês têm um vocabulário próprio, mas eu
não o sei, confesso-te sinceramente.
O teu rosto, naquele momento, não transpira nenhuma gota de suor, mas pareceu-me
ver, digo-te ver, que a tua profunda tristeza era sinal da dor feroz que o teu
coração transporta e o teu tremelicar abundante de mãos era outro sinal da
insegurança que te acompanha.
Não sabes o quanto desejei saber as razões que te levam a ter um comportamento
destes. Depois pensei em Cristo que se celebra mesmo ao lado do recanto onde te
drogavas e lá está Ele sempre no sacrário de qualquer Igreja e no coração de
todos os que O recebem no encontro da fraternidade. O que pensaria Ele sobre a
tua pessoa e sobre o teu comportamento? — Mas logo pensei que Ele estava também
em ti, que era flagelado contigo e que morria lentamente à medida que tu vais
morrendo.
Não te peço que abandones esse caminho, antes peço a Deus que me ilumine para
fazer algo por ti. Tudo seria muito mais fácil para mim e para toda a gente se
tu fosses um incapacitado que não podia subir degraus, um idoso que não podia
carregar os sacos do supermercado, uma senhora grávida que entrou no autocarro,
um doente acamado em casa ou num centro de saúde e, por fim, se tu fosses alguém
da minha família.
O que quero dizer-te com tudo isto, é que nunca tinha sentido tanta incapacidade
e tanta prisão à minha volta, isto é, como te queria ajudar, mas não tive forças
nem coragem para o fazer. Se fosses qualquer coisa destas que acabo de citar,
tudo seria muito mais fácil. Mas não eras, és um doente que comove todos, mas a
verdade, é que todos te consideram um criminoso perigoso. Por isso, todos fogem
de ti.
Meu irmão, se me comovi com o que fazias e se pensei de como estavas a ser um
instrumento nas mãos dos poderosos, ao mesmo tempo senti medo e nenhuma coragem
para te enfrentar. Assim, vou dizer-te que esta é também outra doença terrível
dos tempos modernos. Se a lepra foi noutros tempos a doença da qual todos
fugiam, esta é a lepra dos nossos dias que afugenta toda a gente, podes estar
plenamente certo disso.
Parece que é melhor terminar, a minha conversa já está muito longa, porém, acho
que tu mereces. Não esqueças que tu estás doente, muitos jovens como tu também
estão doentes, mas por causa de ti – bem, perdoa-me — por causa daqueles que se
servem da tua fraqueza, todas as pessoas estão doentes, se não é por causa do
consumo da maldita droga, é por causa do medo de te encontrar em qualquer
recanto ou então por causa dos roubos que frequentemente têm vocês que realizar
para conseguirem o pó da vossa salvação.
Estamos vivendo um tempo bonito, nasceu o Menino Deus, o ano velho foi embora,
outro ano novo nasceu, falta cada um de nós tornar-se homem novo, falta a todos
nós deixarmos a vida velha para dar lugar a comportamentos de partilha e de
entre ajuda para que ninguém tenha necessidade de recorrer a mecanismos de auto
destruição.
Meu caro irmão, já que não te podemos ajudar pelas razões que já te falei,
ajuda-te a ti mesmo e dá o primeiro passo da libertação. Vou pedir ao Menino
Deus que te ajude e te ilumine o coração e o entendimento.
José Luís Rodrigues (colaborador), In
Jornal da Madeira, 2003-01-05
Notícias do Diário
de Notícias da Madeira - 2003
Camacha
contra álcool e tabaco (DN, 2003-03-20)
Escola promove sensibilização com associação "Mão
Amiga".
Elementos da associação "Mão Amiga",
instituição que presta ajuda às pessoas com problemas de tabagismo e alcoolismo,
foram ontem e anteontem à Camacha, onde falaram para uma plateia composta por
alunos da Escola Básica e Secundária Dr. Alfredo Ferreira Nóbrega Júnior.
Organizado pela equipa multidisciplinar
da Escola Secundária da Camacha, esta actividade serviu de alerta aos jovens
camachenses contra as más influências do álcool e tabaco. Um flagelo com grandes
e graves repercussões no seio da família, assim como no aproveitamento escolar e
profissional.
O impacto do consumo desmedido de bebidas
alcoólicas, na componente psicológica do indivíduo, foi um tema explicado. Já na
abordagem ao tabagismo, natural referência para o flagelo provocados pela
contracção do cancro.
Marcelino Rodrigues, Correspondente,
In Diário de Noticias, 2003-03-20
Investigação na Saúde demasiado específica
(DN, 2003-02-16)
Enfermeiros alertam para o facto de os estudos do
futuro terem de ser multidisciplinares.
A Madeira
deve avançar para uma investigação multidisciplinar na Saúde. O desafio foi
lançado, ontem, durante a sessão de encerramento da IV Conferência de
Investigação na Enfermagem da Região.
De acordo com Élvio Jesus, membro da comissão
organizadora deste evento, uma das lacunas da investigação na área da Saúde é a
pouca interdisciplinaridade. Um problema que, de resto, abrange todo o
território português.
«Cada grupo profissional deve preocupar-se com a sua área
de intervenção específica, mas há na saúde muita interdisciplinaridade», lembra.
Élvio Jesus apela a que os estudos do futuro sejam
multidisciplinares, em prol de uma cada vez melhor prestação de serviços, mas
não minimiza a qualidade das investigações feitas até à data.
O enfermeiro não poupa elogios aos trabalhos apresentados
durante o seminário de enfermagem e aconselha mesmo os governantes a estarem
atentos à utilidade das investigações, que versaram sobre as mais variadas
temáticas. Entre elas, os idosos e o alcoolismo.
O evento não só superou as expectativas como mereceu,
garante este profissional, comentários bastante positivos da parte da
representante do Grupo de Enfermeiros da Europa.
«Estão abertas novas perspectivas de colaboração com
Finlândia, Canárias e Açores», garante.
Alcoólicos sem apoio
Noventa e cinco dos alcoólicos em recuperação, numa
amostra de 233, voltam a consumir álcool em excesso.
A conclusão faz parte de um estudo apresentado, ontem, na
IV Conferência de Investigação em Enfermagem da Região.
O inquérito aplicado, segundo Emanuel Gouveia, a todos os
utentes da Casa de Saúde revela que a maioria das recaídas está relacionada com
o retorno aos velhos hábitos sociais. Mas a Região peca também, na opinião do
enfermeiro, pela falta de reuniões de alcoólicos, já que as que se realizam são
pouco apoiadas pelo Governo.
Patrícia Gaspar,
In Diário de Noticias, 2003-02-16
Novos modelos de
ensino não evitam indisciplina (DN, 2003-02-01)
Alunos mais participativos, embora indisciplinados,
dividem professores de ontem e de hoje.
«Transmitir
conhecimento a crianças, adolescentes e adultos – além de transformar aquelas
cabecinhas inocentes em pensantes – é um privilégio que apenas os professores
têm.»
É desta forma que Bruno Cardina define a sua profissão.
No entanto, salienta, para ser professor nos dias de hoje, é preciso ter muito
amor ao ofício.
A opinião é partilhada por Inês Trigo, há 32 anos
professora do 1º Ciclo, que salienta que o ensino, respondendo às necessidades
da realidade social, contribui para o desenvolvimento pleno e harmonioso da
personalidade dos indivíduos.
Apesar de defender que, actualmente, a um professor não
basta despejar conteúdos, Inês Trigo sustenta, por outro lado, que esta evolução
no Sistema Educativo nem sempre se pautou por ser a melhor.
«Apesar de os níveis de conhecimento serem, talvez, mais
avançados, a indisciplina pauta as aulas de hoje. Antes, havia um respeito muito
grande ao professor. E ali acomodavam-se logo... davam a resposta adequada e,
por vezes, nem respondiam. Se o professor dizia, era para ser cumprido»,
referiu.
A leccionar há apenas dois anos, Bruno Cardina defende,
contudo, que, no passado, existia apenas a transmissão de conhecimentos a um
aluno que se limitava a ouvir.
Actualmente, realça, existe um "feedback" maior. O aluno
participa também na "composição" da aula e os professores estão mais ao nível
das crianças. Existe mais interactividade e a forma de ensinar e as estratégias
utilizadas também são diferentes.
Tudo em prol do aluno, acentuou o professor.
INDISCIPLINA AUMENTA NÍVEIS DE INSUCESSO
Curiosamente, é do domínio público que a Escola em
Portugal continua a revelar níveis preocupantes de insucesso e de abandono
escolar.
É o resultado da sociedade contemporânea, sustenta Inês
Trigo. As carências económicas e culturais, o alcoolismo e a droga, bem como a
proveniência de minorias socioculturais, favorecem o aparecimento e o
agravamento de comportamentos indisciplinados.
E, de acordo com a professora, embora o tratamento e a
prevenção destas atitudes dos alunos extravasem a própria instituição escolar,
cabe a ela e, particularmente, aos professores, conseguir que esses
comportamentos se amenizem ou mesmo se modifiquem. «Porque muitos pais
arredaram-se dessa responsabilidade», afirmou.
No entanto, salientou Bruno Cardina, para combater essa
tendência começa-se agora a dar os primeiros passos nos currículos alternativos.
O objectivo é encaminhar os alunos para as áreas em que se sintam mais
motivados. Porque já há a preocupação de não formar apenas doutores, mas também
pessoas especializadas noutras áreas, como serralharia, mecânica, etc.
Até porque, realçou o docente, nenhum país pode
desenvolver-se com analfabetismo. «Aliás, hoje já nem basta saber ler e
escrever. É preciso saber o Inglês e também a Internet».
Por isso, Bruno Cardina questiona: «Como é que um país
como este, com tanto analfabetismo, opta por pôr de lado mão-de-obra
especializada?». E deixa o recado: «Um país evolui com a educação e não com
estradas».
Principais dificuldades
Se são os casos de indisciplina – que acontecem em maior
número nas escolas portuguesas – que determinam as principais dificuldades dos
professores mais antigos, a incerteza de um vínculo a uma escola regula os
problemas dos mais novos.
Efectivamente, a fixação dos professores é, cada vez
mais, incerta e difícil.
«O professor tem de ser, hoje em dia, como um
caixeiro-viajante. Ora está no Norte, como pode ter de concorrer para o Sul ou
para as ilhas», referiu Bruno Cardina.
Por isso, defende, deveriam ser as escolas a ter o poder
de decisão na selecção do quadro de professores, porque, como diz, esta
flutuação é prejudicial para a relação professor/alunos.
«Até porque existe um período de adaptação à escola e ao
meio. E quando finalmente nos adaptamos, o ano termina. Depois temos de
recomeçar, noutra escola, noutro local, com outros alunos...»
Da sebenta às extracurriculares
Há 32 anos a leccionar, Inês Trigo "resistiu" às muitas
alterações impostas ao ensino. «Mas nem todas foram uma mais-valia», ressalva a
professora, dando como exemplo as actividades extracurriculares. Apesar de
entender que estas actividades poderão ser um "mal necessário", «porque hoje em
dia, tanto o pai como a mãe são obrigados a trabalhar», as aulas extra são um
esforço complementar para as crianças. «Ainda para mais, são aborrecidas, pois
elas estão presas dentro de quatro paredes».
Uma opinião que não é partilhada pelo professor mais
novo, que sustenta que esta poderá ser uma forma de motivar mais as crianças
para a escola. Bruno Cardina defende, então, que o fundamental é programar
actividades que vão ao encontro dos interesses das crianças e que lhes ocupe o
tempo em que não estão a ter carga horária. «Além disso, os alunos têm
oportunidade de estarem a realizar actividades que, na maior parte dos casos,
não terão oportunidade de fazerem em casa».
Formação em causa
Este é um dos poucos pontos em que parece não haver
"conflito de gerações". De facto, ambos os professores concordam que Portugal é
um dos países que mais investe em formação, mas aquele que menos resultados
apresenta. No entanto, realçaram, são muitas as dificuldades que os docentes têm
enfrentado na procura de formação que corresponda às necessidades por eles
sentidas nesta área da profissão.
Ana Teresa Gouveia,
In Diário de Noticias, 2003-02-01
Escola do Covão combate o
alcoolismo (DN, 2003-01-15)
O estabelecimento de ensino do primeiro ciclo e
pré-escolar do Covão, em Câmara de Lobos, promoveu, durante a manhã de ontem,
uma acção de esclarecimento e sensibilização anti-alcoólica. Os trabalhos
decorreram no Salão Paroquial da Encarnação e contaram com o apoio da associação
Mão Amiga e da paróquia anfitriã.
Cerca de 60 pessoas compareceram, sendo que o encontro
esteve aberto à população em geral, não se limitando a encarregados de educação.
Na parte da tarde, os alunos daquele estabelecimento de ensino foram também alvo
de uma acção de formação/sensibilização.
Pretendeu-se com a iniciativa ajudar todos os implicados
na problemática do alcoolismo, essencialmente as vítimas, a conviverem com o
problema, encontrado formas adequadas de o encarar. Aos mais pequenos, por
exemplo, ensinou-se «a enfrentar a situação, não fugindo de casa», como por
vezes acontece e nos foi revelado por Graça Moura, directora da escola em
questão.
Em última análise, as grandes vítimas do alcoolismo são
as crianças. Como chamou à atenção a directora, os mais novos sofrem
directamente pela embriaguez do pai (regra geral) e pela revolta da mãe. Disso
tentou-se consciencializar os pais presentes, no que se pretende ser uma acção
preventiva.
A adesão a este tipo de iniciativas tem sido boa, mas nos
momentos de encontro vem ao de cima alguma conflituosidade entre encarregados de
educação que obsta a uma maior intervenção comunitária por parte da escola.
Élvio
Passos, Correspondente, In Diário de Noticias, 2003-01-15